sábado, 10 de novembro de 2012

FLORETE - wikcionário


Eu sou um poeta
e o poeta é um vagabundo,
ao menos o poeta que erra em mim,

errabundo pelo mundo fundo, raso, abundante.
Andarilho vou pelo caminho
observando bosta de equídeo
fezes de bovídeos,
boiada que foi
e ficou no odor
oxalá a exalar do pasto!
( Aposto no aposto 
do pastor  a posto
no discurso postado
na pastagem  em passagem
em grama ou vagem
pelo ruminar do bovídeo.
Estarão  as reses a rezar
e eu a ouvir
com ouvido meu
ou do mel do poeta :
mel-de-coruja ?).
 
João Guimarães Rosa era um poeta ;
aliás, é um poeta porque o poeta não morre,
pois o poeta não é o homem,
mas um ínfima porção do homem;
todavia, este é mortal
consoante reza o silogismo
e está preconizado na voz das esfinges
que não fingem os desertos
em que estão ambientadas no Egito :
seu nicho é o deserto.
 
De mais a mais, um poeta
antes de ser um escritor
e escriturar sua poesia
sorvida em vida,
( este sorvedouro doudo
que a vida é ),
o poeta é um pensador
anterior em gramíneas
ao grande canto do sertão
e as veredas esparsas nos gerais
com reflexos narcisista nas águas azuladas
pelas pauladas
abauladas
e aladas no céu
mas  arraigadas nos pés
de buritis verdejantes
e na exuberância "floreada" da florada
em causa resolvida e revolvida na vida
e na morte em esgrima com  florete
ou pistolas em duelo
de jasmins, bogaris sob céu gris
levados os anis vis,
bis bisados. Xis.
 
O poeta é o pensador
que, antes de ter o ser posto por escriba,
existe no homem,
aflora em ser na espécie humana
desde  menino e menino,
filho, filha, neto e neta, bisneto, bisneta,
tataraneto, tataraneta,
na mesma infância em que esteve o corpo e a alma
do homem  e da mulher ontem e sempre :
que o menino é para sempre : eterno,
enquanto  o  homem  é passageiro
da barca de Caronte.
A mulher é imortal.
Eterna na viúva
fica até o fim dos tempos e dos hussitas.

João, não o Huss, mas o Rosa, 
ou  a rosa sertaneja
( O João, a rosa : a rosa escarlate era o João balalão do sertão
tão extenso, intenso, denso, ancho....).
O João da Rosa
- dos ventos nas madeixas de ameixas das sertanejas
escreveu do joão-de-barro em casa
( não ao João-de-barro em ninho de passarinho, passariforme)
uma palavra que escreveu, não leu...  :
 "nonada!"
- uma espécie de  fac-símile do vetusto bardo,
cantor em Homero,
ou em meros rapsodos,
 pensador  em Hesíodo,
os quais tinham como brado,
brasão  ou palavrão, do calão,
invocar as musas.
 
Ele, o escritor-descritor dos sertões de minas,
evocava o nada e o tudo na palavra "nonada".
Este vocábulo era lançado ali
na cabeçeira do livro
tal qual estava na cabeceira do rio
ou do homem que lê um livro de cabeceira.
Com a locução "nonada"
o aedo sertanejo  fazia o intróito do filósofo satírico
que assim se representava e se alienava
de homem em filósofo
dando um tom de desprezo a tudo
ou fingindo um ar escarnecedor
como poeta fingidor
que se representa em Fernando Pessoa,
poeta de um campo de cajueiro
que assim se representava e se alienava
de homem em filósofo
dando um tom de desprezo a tudo
ou fingindo um ar escarnecedor
como poeta fingidor
que se representa em Fernando Pessoa,
poeta de um campo de cajueiro
que não existe,
mas se representa em versos plácidos
à cor do anil
ou do que tocava no disco de vinil
no mês de abril
que abriu maio em flor festeira.
 
As ideias mudam
vivem num contexto
que e um momento de vida
na qual o papel é declamado em ode ou elegia
de saúde ou doença
no palco ou no front
da do que se fala em vida,
que é o falar e calar da biologia
em seu discurso em "logos",
porque a ciência não é realidade,
mas mera realização
dos homens "sapiens" "sapiens",
no pensador, no filósofo e no poeta
e "faber" no engenheiro.
Em realidade, a biologia é apenas uma locução
cujo tema é a vida
locada do outro lado a poesia
e com tom e estro diverso
no verso que versa
sobre a vida
- vivendo na vivenda com víveres
e víboras! ( cobras-de-vidro).

 
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